quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O sol nasceu de novo, e eu estou um caos!

Ela abriu os olhos, ou achou que tinha aberto, mas acordada ainda não estava. Num movimento quase mecânico esticou o seu braço para o lado como se procurasse algo ou alguém, mas, também de forma instintiva recolheu. Por alguns momentos pensou e pareceu querer identificar onde estava e então aos poucos, suas lembranças foram tomando uma ordem e esticando o corpo lembrou que ontem tinha bebido sozinha e nem tinha saído. A prova estava em cima do “criado” ao lado do celular apagado sem bateria, o litro de Drurys. Afinal para quem bebe muito, de duas uma, ou tem dinheiro para comprar o que é bom ou se limita a gostar e apreciar ou não os nacionais, afinal o que importa é beber e não o “importado”, então assim se bebe mais.

Então, se levantando esboçou um sorriso no canto da boca, lembrou daquele clichê que meninas boas vão para o céu e as más vão para qualquer lugar. E achou que estava no lugar certo e na época certa, nem precisou queimar os sutiãs nos anos 60 e também nem precisa participar das “marchas das vadias”, afinal o direito era dela, o corpo era dela, tinha sim todo o direito de fazer o bem entendesse e com quem bem entendesse, afinal alguma coisa valeu, e estava no Brasil e agradecia muito a isso e imaginava se tivesse nascido na Arábia Saudita.


Já de pé, com uma xicara de café na mão, olhou um pouco pela janela, o olhar absorto, procurou também de forma instintiva o cigarro ou parte dele que estava dentro do cinzeiro e acendeu, após um gole de café requentado, tragou profundamente a fumaça como se isto fosse essencial para começar o dia. E mais uma vez olhou pela janela, e mesmo sabendo que podia estar com quem quisesse, tivesse cercada de “amigas”, puxa-sacos, homens de todos os níveis, fosse uma pessoa popular, que era inspiração de outras mulheres a serem como ela, pensou no porque mesmo assim ainda se sentia só.


Sia - Chandelier



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